Foto Arte – Desdobrar

 

A fotomontagem, colagens, visão caleidoscópica de imagens são técnicas antigas na fotografia, ciadas por meio manual, ótico ou eletrônico. Porém não é apenas a minha proposta quando crio as imagens as quais batizei de Desdobramentos. Não é a simples colagem de um “Cartema” ¹ como cartas de baralho espelhadas em um lago, notas de dinheiro que podem ser vistas para cima ou para baixo, espelhamentos e colagem simples.

A obra vai além do olhar decorativo, depois de uma primeira impressão visual, podemos fazer uma reflexão dos temas. Ao adentrar em um ambiente que retrata ou que camufla, encontramos detalhes de simetria e assimetria em um crescente multiplicar de cores, formas e sentimentos.


As fotomontagens se apresentam como quem olha para a natureza, a informação está embutida, mas se revela do mesmo modo para quem olha uma vista campestre, um rio ou o céu.

A obra da humanidade também pode ser contemplada, e o quadro passa a se apresentar como uma pintura que se aprecia com calma e reflexão, nos detalhes, formas e mensagens iconográficas, interpretações da pequenez do indivíduo, contrastes, vestígios, objetos comuns do dia a dia. Em uma recomposição da imagem que por meio da fotografia traz novas mensagens.

Designer Daniel Marques.

Fotoarte



¹ Cartema foi uma técnica desenvolvida a partir da colagens de cartões postais de valores visuais equivalentes que, ao se justaporem, propunham uma nova identidade visual. Criado pelo designer Aloísio Magalhães na década de 60 e 70.


 

DESIGNER NÃO É DESENHISTA

 


Muitos ainda confundem a função do designer e acham que ele é um desenhista. Esta confusão pode ser causada em parte pela inexistência de uma palavra em português para traduzir design, a confusão aumenta quando procuramos um paralelo em nossa língua irmã o espanhol que alem da inglesa até onde eu sei é a única que possui uma palavra para definir a profissão, em espanhol encontramos diseño, que bem traduzido, quer dizer design, embora seu “som” seja similar a desenho em português, porem muitos confundem a grafia e acabam lendo desenho, que em espanhol se escreve de forma muito diferente dibujo e se fala com o J com som de R “diburro”.

Design não tem nada a ver com desenho, às pessoas chegaram a chamar os designers aqui no Brasil de desenhistas industriais, nada mais incorreto, pois o desenho pode ser apenas uma das ferramentas para a criação do design de algum produto. Traduzir uma profissão vai muito alem do que traduzir a palavra inglesa que a define, afinal o que é design?

Design é divido em duas grandes vertentes o design gráfico que cria uma imagem das coisas e o design produto que cria a forma das coisas para que resolvam um problema e possam ser fabricadas em série. Por exemplo, uma cadeira é a solução do problema de se sentar e dependendo do que se vai fazer (problema) a cadeira do avião, cinema, dentista, sala de aula, etc. É bem diferente uma das outras, claro, pois o problema do paciente que vai ao dentista é diferente do problema do piloto de avião, assim por diante, o designer não faz o desenho da cadeira, ele faz a solução de um problema tendo em mente, a ergonomia do piloto, sua área acional dos controles, o tempo em que ele vai ficar sentado ali qual a tarefa a ser realizada, etc.

Para ilustrar as diversas etapas do processo de projetação o designer pode usar um desenho, um texto, um render feito no computador, um modelo, etc. A escolha de qual mídia será a ideal depende em qual estagio estará o projeto assim como da forma de trabalhar de cada designer, alguns desenham melhor, outros escrevem melhor, o que é muito importante quando vamos patentear um produto, onde este é defendido mais pelo que esta em um texto do que por um desenho. Não importa tudo começa com a necessidade de solucionar um problema. O computador com programas de adequados é a ferramenta mais usada para criação de imagens detalhadas chamadas de render, que permitem ao cliente antever a imagem do produto de modo mais realística possível, quando se passa para o modelo o projeto já venceu a etapa visual, já foram abalizadas todas as variáveis de cor, estética, forma e tudo o mais que os olhos possam nos dizer, chega o limite que apenas o render pode ajudar ao designer no projeto. Agora são necessários testes de pega, equilíbrio de peso, textura, ergonomia, etc. Os modelos serão em menor numero do que o projeto “desenhado” já que certas respostas do projeto já foram resolvidas. Os renders 3D que permitem até a realidade virtual de um produto, podendo ser colocado sobre o mundo real, permitindo se antever quais os problemas o produto poderia gerar, deste modo designer poderá ver um numero muito maior de variáveis e poderá resolver vão ser resolvidos de forma muito mais precisa, alem do que esse o de criação se torna mais ecológico e preciso que o sistema antigo de ilustração com tinta sobre papel. Onde o material é jogado fora a cada mudança e tudo tem que ser refeito, assim mais arvores eram mortas e trituradas somente para se fazer um desenho em papel,

Este conceito ecológico passou a ser aplicado também ao produto e criou uma nova vertente o ECOdesign aplica a preservação do nosso meio ambiente, dês da concepção do produto. O designer deve ter em sua formação, podemos até dizer em seu “DNA” a preservação do meio ambiente não só no processo da projetação, mas também tentar elucidar o cliente que certos materiais como a madeira, papel, certos tipos de plásticos, resinas e formas de fabricação são prejudiciais ao meio ambiente e que seu produto pode ser fabricado com materiais e processos de fabricação mais ecológica sem perder qualidade, antever problemas e variáveis que um produto possa ter no futuro, também é função do designer.

O designer foi um dos últimos profissionais a ser consolidado na cultura brasileira, hoje possuímos o programa brasileiro de design, e programas estaduais, instituições de classe e de ensino, sejam particulares, estaduais ou federais, não importa, todos os brasileiros pagam seus impostos todo o ano para formar profissionais capazes de criar o design brasileiro, tornando nossos produtos competitivos no exterior e melhorando a qualidade de vida do povo brasileiro.

Porém muitos ainda não sabem o que um designer faz alem do que ser formado em uma faculdade ou universidade. A grande maioria das pessoas não sabe realmente qual é a função de um designer, confundem design, designer, webdesigner, desenho, desenhista, arquiteto, engenheiro, etc. Até acham que tudo é a mesma coisa e que basta querer ser designer e pronto, nenhuma avaliação é necessária. Para que sejamos um país desenvolvido temos que projetar nossos produtos com profissionalismo, ordem para o progresso.


Daniel Maia Marques. 2006


 

DIFERENÇA ENTRE "FOCO NO PROBLEMA" e "FOCO NA SOLUÇÃO”

 

Quando a NASA iniciou o lançamento de astronautas, descobriram que as janelas do módulo lunar eram pesadas de mais para permitir uma boa visão na alunissagem.

Como os astronautas ficariam sentados e poderiam ver a área de pouso? O conceito de nave. Os conceitos do foco do problema em cadeira e grande janelas foi alterado para um design que enxerga o problema. Não a solução. Cadeiras.... Grandes janelas.

 

O problema era enxergar os pés da na nave.

A solução foi pendurar os astronautas, em pé em frente de pequenas janelas triangulares. Um sexto do peso da Terra, não seria cansativo e permitiu ter uma ampla visão sem amplas e pesadas janelas, cadeiras, painel de controle, etc.

 

Isso acontece todos os dias vemos projetos que o preço é 12 milhões e o cliente paga. Quando 12 mil ou menos RESOLVERIA o problema, isso depende do profissionalismo do designer e da sua visão do problema para chegar na solução.

 


Madeira de demolição: porque não usar - Série Paradigmas – Daniel Marques 2011

Publicado no site em 8/7/2011:

http://www.designbrasil.org.br/artigo/madeira-de-demolicao-porque-nao-usar?utm_source=Boletim_2011_27&utm_medium=email&utm_campaign=EmailSemanal

 

O design ecológico, também chamado de ecodesign, é na verdade uma forma de pensar o produto, prevendo todo o seu ciclo de vida e finalmente o descarte. Eu venho acompanhando a evolução (ou involução) da aplicação da ecologia no design, principalmente nas coisas inevitáveis onde a tecnologia está barata e disponível. É o caso do livro de papel, que está passando, erraticamente e sem o devido planejamento, para os meios eletrônicos e digitais – do mesmo modo eu poderia citar como exemplos de paradigmas o carro a hidrogênio quando comparado ao carro elétrico, os sistemas obsoletos de geração de energia como as hidrelétricas, termoelétricas, eólicas ou nuclear quando comparadas com a OTEC, o mito da falta de água e reutilização, etc. Eu pretendo analisar estes temas no futuro. Este artigo se limita a apresentar alguns pontos, em que o uso da madeira de demolição é falha.


O material que um designer define para fabricar um produto é parte essencial do projeto – a escolha entre fabricar uma cadeira em acrílico, resina, alumínio, titânio, aço ou madeira, todas igualmente funcionais, não é só moda ou beleza. O material correto também é uma questão fundamental na ecológica, que depende de uma visão ampla, por parte do designer, sobre a matéria prima, os processos de fabricação, vida do produto e descarte.
Em minha opinião, pelo ponto de vista do design ecológico, o uso da madeira é algo que deveria ser questionado, colocados na balança os prejuízos para o meio ambiente, e reavaliada a real necessidade de utilizarmos este material com a atual tecnologia nos processos de fabricação do século XXI.

 
No entanto, o cliente está ‘acostumado’ (poderia até dizer viciado) com determinadas coisas, e o mercado criou uma série de barreiras contra a aplicação do novo design associado à ecologia. Alguns clientes têm grande facilidade e desejo de mudar seus produtos, e querem um projeto ecológico e sólido – já outros reagem com grande espanto, equivocados, paralisados em barreiras culturais, em paradigmas da sociedade de consumo de massa, e ignoram o que realmente é ecodesign e como isso pode ser benéfico para seu produto, para o meio ambiente e para todas as outras pessoas.
A escolha da maioria das pessoas ainda é a escolha equivocada. Para uma cadeira para a sala, ou para a mesa de jantar, normalmente o cliente escolhe as fabricadas em madeira. Ainda há muitos consumidores que acham que a madeira é mais "bonita", durável, resistente, e até acreditam que madeira é totalmente renovável e que a madeira é a escolha mais ecológica para um produto, pois a árvore que morreu para que fosse feita a cadeira, "alguém" já plantou, e já cresceu outra igualzinha no lugar... Isso é um MITO.


A madeira “de lei” demora mais de cinquenta anos para crescer em um solo pobre da floresta, que depende de um equilíbrio delicado das grandes e pequenas árvores. Mesmo assim, retira-se a madeira secular e vende-se nos grandes centros urbanos. E isso já foi mostrado na televisão! Uma denúncia foi apresentada pelo Greenpeace no programa ‘Fantástico’, da TV Globo (19/08/2007), e no jornal inglês The Independent (21/08/2007), mostrando que a madeira vendida como certificada e ecologicamente correta nas lojas de São Paulo vem, na verdade, da Amazônia e de outros locais que deveriam ser preservados a todo custo pela questão da água, solo pobre, diversidade de fauna ameaçada e muitos outros motivos.
No entanto, as pessoas em sua maioria acreditam piamente que madeira é um bom material e não o pior de todos os materiais para se fabricar uma cadeira, hoje, no século XXI, em que possuímos novos materiais e tecnologias.
O leigo não pensa no ciclo de vida do produto, e quando a cadeira quebra, não imagina o que vai ser feito com ela. Se for de alumínio, joga-se no lixo e o processo de reciclagem vai transformar em uma lata de cerveja, um avião ou uma cadeira novamente, e se for de plástico pode-se transformar em matéria-prima novamente. Já uma cadeira de MADEIRA nunca vai voltar a ser ÁRVORE nem mesmo adubo para árvores. Normalmente se transformam em cinzas ou, na melhor das hipóteses, em serragem para aglomerado, MDF.
Madeira não é ecológica, não é mais sustentável em nossa velocidade de extração, e para uma população mundial de quase sete bilhões de habitantes. Na sociedade atual, não dá tempo! O ritmo de extração é tão rápido que a floresta e o ecossistema não têm tempo de se refazer da perda de centenas de árvores por dia. Mesmo em “florestas” plantadas artificialmente, que recebem o selo de madeira certificada, o impacto no meio ambiente é muito grande.
Tanto nas pequenas produções artesanais quanto nas grandes produções, os conceitos são os mesmos. Não podemos basear todo o processo apenas na simples escolha de uma matéria prima, uma única peça de madeira, para um único produto exclusivo, ou poucas e limitadas unidades. Fazer design dito ecológico apenas se apoiando em um único ponto, como o da madeira de demolição. Como se madeira de demolição fosse a solução mágica de todos os problemas em ecologia... E fim do problema...
Na sociedade de consumo atual, a necessidade de vender, e vender qualquer coisa, em grande quantidade, mesmo que essa coisa possa ser nociva ao meio ambiente, acabou por criar mecanismos para a insustentabilidade. A mudança não vem como deveria e a ecologia não se agrega aos produtos com um real "novo design". A indústria perde muitas oportunidades de evoluir e de se manter sustentável aplicando a ecologia em seus produtos. Há medo de se perder dinheiro em pesquisa e, por ignorância do que seja o design ecológico, não se enxerga o real benefício a longo e médio prazo do design bem feito e sólido! Mas quase nada mudou.
Indiretamente, isso veio a gerar as crises de mercado, justamente por não ter sido seguido o caminho da sustentabilidade. De um modo bem maior do que só a preocupação com o meio ambiente, a sustentabilidade, deveria englobar a distribuição de renda e aplicação de novas tecnologias do bom design, aplicar os conceitos de produto durável, nas novas e nas “velhas” coisas, essenciais do dia-a-dia – não importa qual seja o produto, sempre é possível melhorar o design e fazer uma nova problematização em todo o contexto. No entanto, o que mais se vê são produtos disfarçados em ecodesign, e as coisas continuam a serem feitas do mesmo modo. Quase nada mudou.
A madeira de demolição é um entre outros paradigmas da moda do eco sem fundamento, e é difícil quebrar ideias populares. Mas o que eu pude verificar é que neste país um grupo de pessoas, não importando sua formação, tem a possibilidade de se apropriar do título de designer, sem correr o risco de serem presas como os médicos charlatões, etc. Qualquer um pode ir até uma madeireira e comprar algumas peças de madeira velha, fraca, carcomida e surrada, apenas se baseando na questão da reutilização e no mito da madeira de demolição, fabricar com elas uma ou duas peças de mobiliário muito feias, com dezenas de problemas de ergonomia, transporte, durabilidade, segurança e raramente podem ser fabricadas em série, saindo totalmente do contexto do design para todos e para uma vida melhor.
Assim, acabam por prejudicar a aplicação de reais e sólidos conceitos de ecologia, com materiais e design corretos aplicados ao produto. Pior: muitos designers de produto formados seguem esta tendência fundamentalmente errada da madeira de demolição, por simples modismo, sem consciência ecológica!
Mas o problema é maior do que a qualidade do produto. De onde vem esta madeira de demolição? Sem nenhuma regulamentação, as toras de madeira que são encontradas nas lojas são, na maioria, oriundas de antigas construções... É claro que reutilizar madeira é um principio básico de ecologia! No entanto, o que escapa ao consumidor que acredita que comprando esses produtos ditos ecológicos estão contribuindo para preservar árvores, só porque são a reutilização de demolições, são os cálculos do prejuízo para o meio ambiente com o seu uso. Nem poderiam perceber, como consumidores. O invisível para o leigo é na verdade o real problema da lógica do design e da sustentabilidade!
Quando se fabrica um produto com a madeira de demolição, indiretamente se estimulam mecanismos para o mercado disponibilizar e adquirir mais e mais madeira de demolição a qualquer custo. As consequências invisíveis são o aumento da derrubada de árvores nobres que deveriam ser preservadas, pois as antigas construções que estavam funcionando bem e que continuariam de pé por muitos anos ainda, são trocadas por novas construções bonitinhas mas ordinárias, que não são feitas para durar, nem aplicam novos materiais como o aço, alumínio, superconcreto, etc.
Para ilustrar, vou contar uma história que eu vi acontecer e que uso para mostrar a magnitude do problema para meus clientes: imagine um sólido e antigo estábulo no campo, na fazenda do ‘seu’ José, onde não faltava nada e o estábulo já estava ali com sua madeira centenária sustentando um telhado com telhas fabricadas nas coxas das escravas... Um dia, um homem de “fora” vem e pergunta ao ‘seu’ José: “o senhor quer um estábulo novo? Maior, melhor, mais bonito, tábuas novas e todo pintado e envernizado, com telhado moderno? Eu pago para o senhor, construo e coloco no lugar do velho! Se o senhor preferir, posso fazer um novo em outro lugar!” Depois de um pouco de insistência, e sem pagar nada, o ‘seu’ José concorda em dar a madeira do velho estábulo em troca de um novo totalmente de graça!
E sem necessidade real, o velho estábulo é desmanchado, cortadas aos pedaços suas toras de madeira resistente e colocada em seu lugar a beleza aparente. Com tintas, vernizes e resinas extremamente poluentes, pior, as telhas de valor histórico fabricadas nas coxas dos escravos, se perdem... Assim como outras partes de valor histórico não lucrativas. Em pouco tempo, o novo estábulo vai envelhecer, mesmo tendo sido usada a madeira nova. Não se encontra mais a madeira em tamanho nem resistência das antigas, e em pouco tempo será necessária uma reforma (do bolso do ‘seu’ José) e mais madeira será gasta, criando um grande impacto e um ciclo de mais extração de arvores, sem fim.

Soluções


Impedir o uso de madeiras protegidas é fundamental, portanto dever-se-ia marcar a madeira, talvez com a pulverização bem diluída de um isótopo radioativo sobre reservas, catalogando e monitorando a absorção do material dentro das árvores em seus anéis de crescimento. Assim, poderia se provar que uma determinada tábua veio de uma floresta que não poderia ser tocada, gerando, sem discussão, pesadas multas aos vendedores destas madeiras.


Os prédios, estábulos, casas e outras construções antigas, poderiam ser tombados ou marcados diretamente, de modo a impedir sua destruição sem motivo real, apenas visando a revenda da madeira antiga (de demolição). Ainda é necessária a conscientização do consumidor de que os móveis, joias ou bijuterias, vestuários, mobiliários, e os produtos feitos com sementes, cascas de árvores, folhas de maconha, ditos exclusivos e únicos, não são, de forma alguma, nem nunca serão produtos ecológicos ou exemplos de ecodesign só por utilizar estes materiais. Também deveríamos aplicar um sistema de coleta seletiva de madeira do lixo, e continuar a popularizar as fábricas comunitárias para reformar, reutilizar e reciclar a madeira.
Os verdadeiros designers ecológicos podem fazer mais e melhor. Conscientizar a não seguir essa tendência de mercado que um determinado material sozinho soluciona o problema e reafirmar as vantagens do BOM design para a qualidade de vida do cidadão! Design para todos! Enfim, unir a mente ao desejo de um mundo melhor de uma forma concreta e não especulativa, remover as amarras, a cegueira e barreiras impostas pela sociedade de consumo, agora, já, não daqui a cem anos!


Eu sei que é muito difícil deixar de fazer algo de um modo para fazer de outro, mas eu sempre me assusto, ao apresentar uma solução em design e falar que poderia ser usado para um determinado projeto materiais como alumínio, fibra de carbono ou madeireira plástica, aço, superconcreto, plástico, etc., e aplicado o conceito de “Pirâmide”, de produto duradouro, da troca de partes do todo, refil, etc – quase me ‘matam’ e tenho que contar historinhas como do estábulo do ‘seu’ José.


Escolher um material ecológico para um produto, sem bater de frente com barreiras culturais, não é nada fácil. Ainda hoje no Brasil é muito raro ver novos materiais no dia-a-dia, portanto falar simplesmente para não se comprar produtos de madeira de demolição seria complicado demais para a maioria dos consumidores finais. Quando se pensa em construir uma casa, a grande maioria ainda pensa em portas de madeira, e telhado com toda a estrutura no chamado madeiramento, e até piso de tábuas de madeira corrida. Quando se fala em fazer telhado com estrutura de metal, esbarra-se novamente em antigas ideias e lendas. Aplicar estes novos materiais é nobre e na verdade fácil – ‘aqui e ali’ eu vejo um ou outro arquiteto conseguindo vencer paradigmas. Mas é raro.
O ecodesigner tem que pensar no produto como um todo para ser fabricado em série, aplicando conceitos e tecnologias, na escolha da matéria prima para a fabricação, uso, manutenção, uso da energia, descarte e ainda como será reutilizado ou reciclado o produto. Enfim, pensar todo o ciclo de vida do produto em harmonia com a ecologia.
E lembre-se, mesmo que todos os livros digam que “está escrito”, nem sempre é esta a verdade. Mesmo que a totalidade ou a grande maioria das pessoas afirme algo, nem sempre é a verdade. Lembre-se de Galileu Galilei que, contra todos, estava certo em afirmar:, sobre a Terra: “No entanto, ela se move”!

Daniel Marques
Designer de produto
 



Slow attitude, Slow Food  

Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food.
A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol, tem sua base na Itália (o site, é muito interessante. Veja-o:
www.slowfood.com)

O que o movimento Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, "curtindo" seu preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade.

A idéia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida.

A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a revista Business Week em sua última edição européia.

A base de tudo está no questionamento da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraposição à qual idade de vida ou à "qualidade do ser".

Segundo a Business Week os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas, (35 horas por semana) são mais produtivos que seus colegas americanos ou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%.

Essa chamada "slow attitude" está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it Now" (faça já). Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa fazer menos, nem menor produtividade. Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e "produtividade" com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos "stress".

Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e concreto em contraposição ao "global" - indefinido e anônimo.

Significa a retomada dos valores essenciais ao ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé.

Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.

Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou ainda "A pressa é inimiga da perfeição" não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura?

Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa" até para aumentar a produtividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessária perda da "qualidade do ser"?

No filme "Perfume de Mulher", há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela responde:

"Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos..." "Mas em um momento se vive uma vida" - responde ele, conduzindo-a num passo de tango. E esta pequena cena é o momento mais bonito do filme.

Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim. Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe.

Tempo todo mundo tem, por igual. Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon, "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro".

Parabéns por ter lido até o final ... muitos não irão ler esta mensagem até o final, porque não podem "perder" o seu tempo neste mundo globalizado...

 

O "BOM" design não é feito do dia para noite. É um processo de "GESTAÇÃO" Tem que ser perfeito. (Daniel Marques).

 

 

 

 


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