DESIGNER NÃO É DESENHISTA
Muitos ainda confundem a função do
designer e acham que ele é um desenhista. Esta confusão pode ser causada em
parte pela inexistência de uma palavra em português para traduzir design, a
confusão aumenta quando procuramos um paralelo em nossa língua irmã o
espanhol que alem da inglesa até onde eu sei é a única que possui uma
palavra para definir a profissão, em espanhol encontramos diseño, que bem
traduzido, quer dizer design, embora seu “som” seja similar a desenho em
português, porem muitos confundem a grafia e acabam lendo desenho, que em
espanhol se escreve de forma muito diferente dibujo e se fala com o J com
som de R “diburro”.
Design não tem nada a ver com desenho, às pessoas
chegaram a chamar os designers aqui no Brasil de desenhistas industriais,
nada mais incorreto, pois o desenho pode ser apenas uma das ferramentas para
a criação do design de algum produto. Traduzir uma profissão vai muito alem
do que traduzir a palavra inglesa que a define, afinal o que é design?
Design é divido em duas grandes vertentes o design gráfico que cria uma
imagem das coisas e o design produto que cria a forma das coisas para que
resolvam um problema e possam ser fabricadas em série. Por exemplo, uma
cadeira é a solução do problema de se sentar e dependendo do que se vai
fazer (problema) a cadeira do avião, cinema, dentista, sala de aula, etc. É
bem diferente uma das outras, claro, pois o problema do paciente que vai ao
dentista é diferente do problema do piloto de avião, assim por diante, o
designer não faz o desenho da cadeira, ele faz a solução de um problema
tendo em mente, a ergonomia do piloto, sua área acional dos controles, o
tempo em que ele vai ficar sentado ali qual a tarefa a ser realizada, etc.
Para ilustrar as diversas etapas do processo de projetação o designer pode
usar um desenho, um texto, um render feito no computador, um modelo, etc. A
escolha de qual mídia será a ideal depende em qual estagio estará o projeto
assim como da forma de trabalhar de cada designer, alguns desenham melhor,
outros escrevem melhor, o que é muito importante quando vamos patentear um
produto, onde este é defendido mais pelo que esta em um texto do que por um
desenho. Não importa tudo começa com a necessidade de solucionar um
problema. O computador com programas de adequados é a ferramenta mais usada
para criação de imagens detalhadas chamadas de render, que permitem ao
cliente antever a imagem do produto de modo mais realística possível, quando
se passa para o modelo o projeto já venceu a etapa visual, já foram
abalizadas todas as variáveis de cor, estética, forma e tudo o mais que os
olhos possam nos dizer, chega o limite que apenas o render pode ajudar ao
designer no projeto. Agora são necessários testes de pega, equilíbrio de
peso, textura, ergonomia, etc. Os modelos serão em menor numero do que o
projeto “desenhado” já que certas respostas do projeto já foram resolvidas.
Os renders 3D que permitem até a realidade virtual de um produto, podendo
ser colocado sobre o mundo real, permitindo se antever quais os problemas o
produto poderia gerar, deste modo designer poderá ver um numero muito maior
de variáveis e poderá resolver vão ser resolvidos de forma muito mais
precisa, alem do que esse o de criação se torna mais ecológico e preciso que
o sistema antigo de ilustração com tinta sobre papel. Onde o material é
jogado fora a cada mudança e tudo tem que ser refeito, assim mais arvores
eram mortas e trituradas somente para se fazer um desenho em papel,
Este conceito ecológico passou a ser aplicado também ao produto e criou uma
nova vertente o ECOdesign aplica a preservação do nosso meio ambiente, dês
da concepção do produto. O designer deve ter em sua formação, podemos até
dizer em seu “DNA” a preservação do meio ambiente não só no processo da
projetação, mas também tentar elucidar o cliente que certos materiais como a
madeira, papel, certos tipos de plásticos, resinas e formas de fabricação
são prejudiciais ao meio ambiente e que seu produto pode ser fabricado com
materiais e processos de fabricação mais ecológica sem perder qualidade,
antever problemas e variáveis que um produto possa ter no futuro, também é
função do designer.
O designer foi um dos últimos profissionais a ser
consolidado na cultura brasileira, hoje possuímos o programa brasileiro de
design, e programas estaduais, instituições de classe e de ensino, sejam
particulares, estaduais ou federais, não importa, todos os brasileiros pagam
seus impostos todo o ano para formar profissionais capazes de criar o design
brasileiro, tornando nossos produtos competitivos no exterior e melhorando a
qualidade de vida do povo brasileiro.
Porém muitos ainda não sabem o
que um designer faz alem do que ser formado em uma faculdade ou
universidade. A grande maioria das pessoas não sabe realmente qual é a
função de um designer, confundem design, designer, webdesigner, desenho,
desenhista, arquiteto, engenheiro, etc. Até acham que tudo é a mesma coisa e
que basta querer ser designer e pronto, nenhuma avaliação é necessária. Para
que sejamos um país desenvolvido temos que projetar nossos produtos com
profissionalismo, ordem para o progresso.
Daniel Maia Marques.
2006
DIFERENÇA ENTRE "FOCO NO PROBLEMA" e "FOCO NA
SOLUÇÃO”
Quando a NASA
iniciou o lançamento de astronautas, descobriram que as janelas do módulo
lunar eram pesadas de mais para permitir uma boa visão na alunissagem.
Como os astronautas ficariam sentados e poderiam
ver a área de pouso? O conceito de nave. Os conceitos do foco do problema em
cadeira e grande janelas foi alterado para um design que enxerga o problema.
Não a solução. Cadeiras.... Grandes janelas.
O problema era
enxergar os pés da na nave.
A solução foi pendurar
os astronautas, em pé em frente de pequenas janelas triangulares. Um sexto
do peso da Terra, não seria cansativo e permitiu ter uma ampla visão sem
amplas e pesadas janelas, cadeiras, painel de controle, etc.
Isso acontece todos os dias vemos projetos que
o preço é 12 milhões e o cliente paga. Quando 12 mil ou menos RESOLVERIA o
problema, isso depende do profissionalismo do designer e da sua visão do
problema para chegar na solução.
Madeira de demolição: porque não usar - Série Paradigmas – Daniel
Marques 2011
Publicado no site
em 8/7/2011:
http://www.designbrasil.org.br/artigo/madeira-de-demolicao-porque-nao-usar?utm_source=Boletim_2011_27&utm_medium=email&utm_campaign=EmailSemanal
O design ecológico, também chamado de
ecodesign, é na verdade uma forma de pensar o produto, prevendo todo o seu
ciclo de vida e finalmente o descarte. Eu venho acompanhando a evolução (ou
involução) da aplicação da ecologia no design, principalmente nas coisas
inevitáveis onde a tecnologia está barata e disponível. É o caso do livro de
papel, que está passando, erraticamente e sem o devido planejamento, para os
meios eletrônicos e digitais – do mesmo modo eu poderia citar como exemplos
de paradigmas o carro a hidrogênio quando comparado ao carro elétrico, os
sistemas obsoletos de geração de energia como as hidrelétricas,
termoelétricas, eólicas ou nuclear quando comparadas com a OTEC, o mito da
falta de água e reutilização, etc. Eu pretendo analisar estes temas no
futuro. Este artigo se limita a apresentar alguns pontos, em que o uso da
madeira de demolição é falha.
O material que um designer define para fabricar um produto é parte essencial
do projeto – a escolha entre fabricar uma cadeira em acrílico, resina,
alumínio, titânio, aço ou madeira, todas igualmente funcionais, não é só
moda ou beleza. O material correto também é uma questão fundamental na
ecológica, que depende de uma visão ampla, por parte do designer, sobre a
matéria prima, os processos de fabricação, vida do produto e descarte.
Em minha opinião, pelo ponto de vista do design ecológico, o uso da madeira
é algo que deveria ser questionado, colocados na balança os prejuízos para o
meio ambiente, e reavaliada a real necessidade de utilizarmos este material
com a atual tecnologia nos processos de fabricação do século XXI.
No entanto, o cliente está ‘acostumado’ (poderia até dizer viciado) com
determinadas coisas, e o mercado criou uma série de barreiras contra a
aplicação do novo design associado à ecologia. Alguns clientes têm grande
facilidade e desejo de mudar seus produtos, e querem um projeto ecológico e
sólido – já outros reagem com grande espanto, equivocados, paralisados em
barreiras culturais, em paradigmas da sociedade de consumo de massa, e
ignoram o que realmente é ecodesign e como isso pode ser benéfico para seu
produto, para o meio ambiente e para todas as outras pessoas.
A escolha da maioria das pessoas ainda é a escolha equivocada. Para uma
cadeira para a sala, ou para a mesa de jantar, normalmente o cliente escolhe
as fabricadas em madeira. Ainda há muitos consumidores que acham que a
madeira é mais "bonita", durável, resistente, e até acreditam que madeira é
totalmente renovável e que a madeira é a escolha mais ecológica para um
produto, pois a árvore que morreu para que fosse feita a cadeira, "alguém"
já plantou, e já cresceu outra igualzinha no lugar... Isso é um MITO.
A madeira “de lei” demora mais de cinquenta anos para crescer em um solo
pobre da floresta, que depende de um equilíbrio delicado das grandes e
pequenas árvores. Mesmo assim, retira-se a madeira secular e vende-se nos
grandes centros urbanos. E isso já foi mostrado na televisão! Uma denúncia
foi apresentada pelo Greenpeace no programa ‘Fantástico’, da TV Globo
(19/08/2007), e no jornal inglês The Independent (21/08/2007), mostrando que
a madeira vendida como certificada e ecologicamente correta nas lojas de São
Paulo vem, na verdade, da Amazônia e de outros locais que deveriam ser
preservados a todo custo pela questão da água, solo pobre, diversidade de
fauna ameaçada e muitos outros motivos.
No entanto, as pessoas em sua maioria acreditam piamente que madeira é um
bom material e não o pior de todos os materiais para se fabricar uma
cadeira, hoje, no século XXI, em que possuímos novos materiais e
tecnologias.
O leigo não pensa no ciclo de vida do produto, e quando a cadeira quebra,
não imagina o que vai ser feito com ela. Se for de alumínio, joga-se no lixo
e o processo de reciclagem vai transformar em uma lata de cerveja, um avião
ou uma cadeira novamente, e se for de plástico pode-se transformar em
matéria-prima novamente. Já uma cadeira de MADEIRA nunca vai voltar a ser
ÁRVORE nem mesmo adubo para árvores. Normalmente se transformam em cinzas
ou, na melhor das hipóteses, em serragem para aglomerado, MDF.
Madeira não é ecológica, não é mais sustentável em nossa velocidade de
extração, e para uma população mundial de quase sete bilhões de habitantes.
Na sociedade atual, não dá tempo! O ritmo de extração é tão rápido que a
floresta e o ecossistema não têm tempo de se refazer da perda de centenas de
árvores por dia. Mesmo em “florestas” plantadas artificialmente, que recebem
o selo de madeira certificada, o impacto no meio ambiente é muito grande.
Tanto nas pequenas produções artesanais quanto nas grandes produções, os
conceitos são os mesmos. Não podemos basear todo o processo apenas na
simples escolha de uma matéria prima, uma única peça de madeira, para um
único produto exclusivo, ou poucas e limitadas unidades. Fazer design dito
ecológico apenas se apoiando em um único ponto, como o da madeira de
demolição. Como se madeira de demolição fosse a solução mágica de todos os
problemas em ecologia... E fim do problema...
Na sociedade de consumo atual, a necessidade de vender, e vender qualquer
coisa, em grande quantidade, mesmo que essa coisa possa ser nociva ao meio
ambiente, acabou por criar mecanismos para a insustentabilidade. A mudança
não vem como deveria e a ecologia não se agrega aos produtos com um real
"novo design". A indústria perde muitas oportunidades de evoluir e de se
manter sustentável aplicando a ecologia em seus produtos. Há medo de se
perder dinheiro em pesquisa e, por ignorância do que seja o design
ecológico, não se enxerga o real benefício a longo e médio prazo do design
bem feito e sólido! Mas quase nada mudou.
Indiretamente, isso veio a gerar as crises de mercado, justamente por não
ter sido seguido o caminho da sustentabilidade. De um modo bem maior do que
só a preocupação com o meio ambiente, a sustentabilidade, deveria englobar a
distribuição de renda e aplicação de novas tecnologias do bom design,
aplicar os conceitos de produto durável, nas novas e nas “velhas” coisas,
essenciais do dia-a-dia – não importa qual seja o produto, sempre é possível
melhorar o design e fazer uma nova problematização em todo o contexto. No
entanto, o que mais se vê são produtos disfarçados em ecodesign, e as coisas
continuam a serem feitas do mesmo modo. Quase nada mudou.
A madeira de demolição é um entre outros paradigmas da moda do eco sem
fundamento, e é difícil quebrar ideias populares. Mas o que eu pude
verificar é que neste país um grupo de pessoas, não importando sua formação,
tem a possibilidade de se apropriar do título de designer, sem correr o
risco de serem presas como os médicos charlatões, etc. Qualquer um pode ir
até uma madeireira e comprar algumas peças de madeira velha, fraca,
carcomida e surrada, apenas se baseando na questão da reutilização e no mito
da madeira de demolição, fabricar com elas uma ou duas peças de mobiliário
muito feias, com dezenas de problemas de ergonomia, transporte,
durabilidade, segurança e raramente podem ser fabricadas em série, saindo
totalmente do contexto do design para todos e para uma vida melhor.
Assim, acabam por prejudicar a aplicação de reais e sólidos conceitos de
ecologia, com materiais e design corretos aplicados ao produto. Pior: muitos
designers de produto formados seguem esta tendência fundamentalmente errada
da madeira de demolição, por simples modismo, sem consciência ecológica!
Mas o problema é maior do que a qualidade do produto. De onde vem esta
madeira de demolição? Sem nenhuma regulamentação, as toras de madeira que
são encontradas nas lojas são, na maioria, oriundas de antigas
construções... É claro que reutilizar madeira é um principio básico de
ecologia! No entanto, o que escapa ao consumidor que acredita que comprando
esses produtos ditos ecológicos estão contribuindo para preservar árvores,
só porque são a reutilização de demolições, são os cálculos do prejuízo para
o meio ambiente com o seu uso. Nem poderiam perceber, como consumidores. O
invisível para o leigo é na verdade o real problema da lógica do design e da
sustentabilidade!
Quando se fabrica um produto com a madeira de demolição, indiretamente se
estimulam mecanismos para o mercado disponibilizar e adquirir mais e mais
madeira de demolição a qualquer custo. As consequências invisíveis são o
aumento da derrubada de árvores nobres que deveriam ser preservadas, pois as
antigas construções que estavam funcionando bem e que continuariam de pé por
muitos anos ainda, são trocadas por novas construções bonitinhas mas
ordinárias, que não são feitas para durar, nem aplicam novos materiais como
o aço, alumínio, superconcreto, etc.
Para ilustrar, vou contar uma história que eu vi acontecer e que uso para
mostrar a magnitude do problema para meus clientes: imagine um sólido e
antigo estábulo no campo, na fazenda do ‘seu’ José, onde não faltava nada e
o estábulo já estava ali com sua madeira centenária sustentando um telhado
com telhas fabricadas nas coxas das escravas... Um dia, um homem de “fora”
vem e pergunta ao ‘seu’ José: “o senhor quer um estábulo novo? Maior,
melhor, mais bonito, tábuas novas e todo pintado e envernizado, com telhado
moderno? Eu pago para o senhor, construo e coloco no lugar do velho! Se o
senhor preferir, posso fazer um novo em outro lugar!” Depois de um pouco de
insistência, e sem pagar nada, o ‘seu’ José concorda em dar a madeira do
velho estábulo em troca de um novo totalmente de graça!
E sem necessidade real, o velho estábulo é desmanchado, cortadas aos pedaços
suas toras de madeira resistente e colocada em seu lugar a beleza aparente.
Com tintas, vernizes e resinas extremamente poluentes, pior, as telhas de
valor histórico fabricadas nas coxas dos escravos, se perdem... Assim como
outras partes de valor histórico não lucrativas. Em pouco tempo, o novo
estábulo vai envelhecer, mesmo tendo sido usada a madeira nova. Não se
encontra mais a madeira em tamanho nem resistência das antigas, e em pouco
tempo será necessária uma reforma (do bolso do ‘seu’ José) e mais madeira
será gasta, criando um grande impacto e um ciclo de mais extração de
arvores, sem fim.
Soluções
Impedir o uso de madeiras protegidas é
fundamental, portanto dever-se-ia marcar a madeira, talvez com a
pulverização bem diluída de um isótopo radioativo sobre reservas,
catalogando e monitorando a absorção do material dentro das árvores em seus
anéis de crescimento. Assim, poderia se provar que uma determinada tábua
veio de uma floresta que não poderia ser tocada, gerando, sem discussão,
pesadas multas aos vendedores destas madeiras.
Os prédios, estábulos, casas e outras
construções antigas, poderiam ser tombados ou marcados diretamente, de modo
a impedir sua destruição sem motivo real, apenas visando a revenda da
madeira antiga (de demolição). Ainda é necessária a conscientização do
consumidor de que os móveis, joias ou bijuterias, vestuários, mobiliários, e
os produtos feitos com sementes, cascas de árvores, folhas de maconha, ditos
exclusivos e únicos, não são, de forma alguma, nem nunca serão produtos
ecológicos ou exemplos de ecodesign só por utilizar estes materiais. Também
deveríamos aplicar um sistema de coleta seletiva de madeira do lixo, e
continuar a popularizar as fábricas comunitárias para reformar, reutilizar e
reciclar a madeira.
Os verdadeiros designers ecológicos podem fazer mais e melhor. Conscientizar
a não seguir essa tendência de mercado que um determinado material sozinho
soluciona o problema e reafirmar as vantagens do BOM design para a qualidade
de vida do cidadão! Design para todos! Enfim, unir a mente ao desejo de um
mundo melhor de uma forma concreta e não especulativa, remover as amarras, a
cegueira e barreiras impostas pela sociedade de consumo, agora, já, não
daqui a cem anos!
Eu sei que é muito difícil deixar de fazer
algo de um modo para fazer de outro, mas eu sempre me assusto, ao apresentar
uma solução em design e falar que poderia ser usado para um determinado
projeto materiais como alumínio, fibra de carbono ou madeireira plástica,
aço, superconcreto, plástico, etc., e aplicado o conceito de “Pirâmide”, de
produto duradouro, da troca de partes do todo, refil, etc – quase me ‘matam’
e tenho que contar historinhas como do estábulo do ‘seu’ José.
Escolher um material ecológico para um
produto, sem bater de frente com barreiras culturais, não é nada fácil.
Ainda hoje no Brasil é muito raro ver novos materiais no dia-a-dia, portanto
falar simplesmente para não se comprar produtos de madeira de demolição
seria complicado demais para a maioria dos consumidores finais. Quando se
pensa em construir uma casa, a grande maioria ainda pensa em portas de
madeira, e telhado com toda a estrutura no chamado madeiramento, e até piso
de tábuas de madeira corrida. Quando se fala em fazer telhado com estrutura
de metal, esbarra-se novamente em antigas ideias e lendas. Aplicar estes
novos materiais é nobre e na verdade fácil – ‘aqui e ali’ eu vejo um ou
outro arquiteto conseguindo vencer paradigmas. Mas é raro.
O ecodesigner tem que pensar no produto como um todo para ser fabricado em
série, aplicando conceitos e tecnologias, na escolha da matéria prima para a
fabricação, uso, manutenção, uso da energia, descarte e ainda como será
reutilizado ou reciclado o produto. Enfim, pensar todo o ciclo de vida do
produto em harmonia com a ecologia.
E lembre-se, mesmo que todos os livros digam que “está escrito”, nem sempre
é esta a verdade. Mesmo que a totalidade ou a grande maioria das pessoas
afirme algo, nem sempre é a verdade. Lembre-se de Galileu Galilei que,
contra todos, estava certo em afirmar:, sobre a Terra: “No entanto, ela se
move”!
Daniel Marques
Designer de produto
Slow attitude, Slow Food
Há um grande movimento na Europa hoje,
chamado Slow Food. A Slow Food International Association - cujo símbolo é
um caracol, tem sua base na Itália (o site, é muito interessante. Veja-o:
www.slowfood.com)
O que o movimento Slow Food prega é que as
pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, "curtindo" seu
preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade.
A idéia é a de se contrapor ao espírito do
Fast Food e o que ele representa como estilo de vida.
A surpresa, porém, é que esse movimento do
Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado Slow
Europe como salientou a revista Business Week em sua última edição européia.
A base de tudo está no questionamento da
"pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade
do ter" em contraposição à qual idade de vida ou à "qualidade do ser".
Segundo a Business Week os trabalhadores
franceses, embora trabalhem menos horas, (35 horas por semana) são mais
produtivos que seus colegas americanos ou ingleses. E os alemães, que em
muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua
produtividade crescer nada menos que 20%.
Essa chamada "slow attitude" está chamando a
atenção até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it Now"
(faça já). Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa fazer menos,
nem menor produtividade. Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com
mais "qualidade" e "produtividade" com maior perfeição, atenção aos detalhes
e com menos "stress".
Significa retomar os valores da família, dos
amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local",
presente e concreto em contraposição ao "global" - indefinido e anônimo.
Significa a retomada dos valores essenciais ao
ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e
conviver e até da religião e da fé.
Significa um ambiente de trabalho menos
coercitivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde seres
humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.
Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao
longe" ou ainda "A pressa é inimiga da perfeição" não merecem novamente
nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura?
Será que nossas empresas não deveriam também
pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa" até para aumentar a
produtividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessária
perda da "qualidade do ser"?
No filme "Perfume de Mulher", há uma cena
inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça
para dançar e ela responde:
"Não posso, porque meu noivo vai chegar em
poucos minutos..." "Mas em um momento se vive uma vida" - responde ele,
conduzindo-a num passo de tango. E esta pequena cena é o momento mais bonito
do filme.
Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo,
mas parece que só alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim. Para
outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem
de viver o presente, que é o único tempo que existe.
Tempo todo mundo tem, por igual. Ninguém tem
mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu
tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John
Lennon, "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o
futuro".
Parabéns por ter lido até o final ... muitos
não irão ler esta mensagem até o final, porque não podem "perder" o seu
tempo neste mundo globalizado...
O
"BOM" design não é feito do dia para noite. É um processo de "GESTAÇÃO" Tem
que ser perfeito. (Daniel Marques).
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